sexta-feira, 20 de junho de 2008

sexta-feira, 13 de junho de 2008

O Abel da Chocalha


Não conheci pessoalmente o meu avô materno Abel Nascimento Brito, de sua graça. Quando eu nasci, já ele tinha falecido há cerca de 10 anos. Era pai de quatro raparigas, quatro manas, como eu carinhosamente lhes chamo, até porque uma delas é minha mãe. Teve um filho mais novo, o António, que morreu ainda criança.
O Abel era um senhor dotado de uma calma monástica, que nada o fazia enervar, que nada o apressava, característica que certamente herdou do seu pai Luís Brito, nascido criado e vivido em Segadães, às portas de Valença do Minho. Eu disse que nada o apressava, mas não é totalmente verdade, porque apenas umas saias tinham o condão de espevitar o pachorrento Abel.
O meu avô era conhecido pelo Abel da Chocalha, apelido que herdou da sogra do seu primeiro matrimónio Maria José Gandra, que curiosamente foi sua ama de leite. A Chocalha era de Gontinhães, mas por artes do acaso, foi ter a Segadães onde desempenhou a função de ama de leite do Abel, nascido em 1880 e do Manuel, seu irmão mais velho quatro ou cinco anos.
Esta senhora que era solteira, tinha uma filha de nome Felisbela Gandra, casada com um tal Pereira, do Amonde, que morreu poucos anos volvidos com tuberculose. Deste casamento já tinha nascido o Américo, que ficou órfão ainda catraio, mas que ganhou rapidamente uma madrasta, pois o Abel casou em segundas núpcias com a sua conterrânea Delfina Gomes.
Por essa época já o Abel Brito e a sua ex-sogra estavam estabelecidos em Gontinhães com uma pensão e loja que chamaram Pensão Âncora, mais tarde pensão Meira e actualmente hotel Meira, naquela que é hoje a Rua 5 de Outubro. Não sei se já assim se chamava nessa altura, pois a republica se já estava implantada, estava ainda muito verde.
Do casamento com a Delfina nasceram quatro filhas e um filho a um ritmo praticamente anual. Primeiro a Felisbela, a seguir a Arminda, depois a Maria José e ainda a Julieta. Finalmente o António, o benjamim dos pais e o querido das irmãs que tragicamente morre de doença com dez anos. Era da idade do nosso conterrâneo Sr. Durval Brito, que apesar do apelido, não tem connosco qualquer relacionamento familiar. Outro conterrâneo da mesma idade era o Sr. Luís Gomes, recentemente falecido em acidente de viação.
A filha mais velha, Felisbela casou com Simão Meira e abriram uma pensão na Praça da Republica, no chamado prédio da Assembleia. A Arminda casou em Valença com o António Gomes, seu primo legítimo, filho de um irmão da Delfina. A Maria José, minha mãe, casou com o Ribeiro, caixeiro-viajante e foi viver, embora por pouco tempo, para o Porto, regressando poucos anos depois a Vila Praia de Âncora. A Julieta casou com o Castilho, foi viver para o Porto e por lá ficou.
Mas a personagem principal desta história é o avô Abel, um bonacheirão que metia-se em negócios (mais ou menos da China) e que acabavam sempre por dar fiasco e prejuízo.
Uma vez convenceu o genro Ribeiro, meu saudoso pai, a fazer um negócio de marmelada. O Ribeiro dava o açúcar e o Abel arranjava os marmelos e enlatava a dita. É mesmo, não me enganei, era marmelada enlatada. O resultado foi montes de latas que ninguém comprava e que acabaram por ser abertas e o produto deitado aos porcos. Mas por estranho que pareça ou talvez não, nem os porcos quiseram a marmelada, que teve de ser enterrada no quintal. Muitos anos mais tarde, quando falávamos deste episódio na frente do meu pai, era vê-lo a sair “à francesa”, como se nada fosse com ele.
Outro negócio que correu mal foi uma importação de bicicletas que ele ia buscar a França na sua camioneta e com um intérprete às ordens, um sujeito de Viana que ele convenceu a acompanhá-lo. Naquela época uma viagem a França por estrada, não se fazia com a facilidade de hoje e o Abel gastou mais na aventura, que o valor das bicicletas. Mais uma vez para se ver livre da mercadoria teve de vender com prejuízo e ouvir as recriminações da minha avó, que tremia cada vez que o Abel dizia que andava a matutar num negócio.
Outra coisa que punha a avó em polvorosa eram as repetidas aventuras amorosas do marido. Nunca lhe perdoou ter o facto de uma das amantes, a Felicidade, uma viúva ainda fresca, como dizemos hoje ”que ainda rompia meias solas”, ter ido morar a pouco mais de cinquenta metros da sua casa, mais ou menos onde hoje é a ourivesaria do Catarino.
Outra das suas “amigas”, a Ester da Pelada quando teve um filho, o José Luís que é o mais novo de três, logo disseram que seria filho do Abel. Não há certezas, naquele tempo não se sabia nada sobre ADN, mas outro dos suspeitos da paternidade, seria o Toninho Tinta Fina, que também por lá andava.
O Abel tinha um parceiro que fisicamente ainda era mais avantajado que ele. Pois, eu ainda não vos descrevi o Abel da Chocalha, que era um homenzarrão que embora não fosse muito alto, era forte e barrigudo. O Fontes, o tal parceiro de que vos falei, ainda era mais corpulento, pois media perto de dois metros e acompanhava o Abel, nas suas palavras, para "fazer de contrapeso" na camioneta.
Este Fontes foi faroleiro na Ínsua durante muitos anos, morava mesmo em frente à pensão Âncora, onde hoje é o Hotel Meira. Eram bons amigos e davam grandes passeatas na camioneta do Abel, na companhia dos netos que foram surgindo dos casamentos das filhas. Aqueles que conheceram o avô foram os meus primos Jorge e Zé Meira e as minhas irmãs Julieta e Delfina, conhecidas por Mimi e Fininha respectivamente. O Jorge e a Mimi eram uns vivaços; o Zé e a Fininha, pelo contrário eram muito tranquilos. Muitas vezes ouvi os meus pais dizerem que o neto mais parecido com o Abel da Chocalha era o Zé Meira, não só fisicamente, mas no carácter e na imaginação. O Zé, que era meu padrinho, talvez dê um dia destes um pequeno conto, vamos a ver!
A pachorra do Abel era tanta que quando encostado à parede em frente à sua casa, onde estão as alminhas, e as pombas no beiral do telhado lhe sujavam a cabeça, em vez de se desviar, dizia para a Maria Ninom, mulher do Sr. Barata:
- Oh Maria, empresta-me a boina, que as pombas estão a cagar-me na cabeça.
O avô Abel alem de bom cozinheiro, era também um óptimo fotógrafo, que até possuía câmara escura para revelação das suas fotos. Infelizmente apenas duas ou três fotos da sua autoria chegaram à minha posse e desconheço se alguns dos meus primos possuem mais fotografias tiradas por ele. Tenho bastantes fotos antigas, mas são de estúdio ou tiradas pelo meu pai, já na década de trinta.
Após a morte da minha avó Delfina, o Abel sossegou e dizem que até se deixou de aventuras amorosas. Não sei se isso foi totalmente verdade, mas que ele sentiu muito a falta da esposa, não tenho dúvidas. Ele próprio o reconheceu, mais que uma vez.
Apenas lhe sobreviveu seis anos, sendo vitima dum acidente vascular cerebral, que o deixou totalmente incapacitado, para se repetir poucas semanas depois, causando-lhe a morte.

domingo, 8 de junho de 2008

A Festa do Monte

Estávamos a jantar, quando a minha mulher me disse:
- O Zé Alfredo comprou uma tenda. Ele disse-te alguma coisa?
Tinha estado uma boa parte da tarde com ele na praia, falamos de mil e um assuntos, mas não me disse absolutamente nada dessa compra.
- Se calhar é para o Rui ou para a Carina – respondi eu, que nunca tinha visto o Zé Alfredo com “queda” para o campismo. Se fossem uns piqueniques com merendeiro à mistura, estava sempre pronto. Agora, campismo a sério, nunca me passaria pela cabeça.
Tinha sido a sua cara-metade, a Cristina que confidenciou à minha mulher, a iniciativa daquele respeitável chefe de família, que adquiriu levianamente um T1 rasteiro, tipo iglô, no qual os seus, também respeitáveis noventa e tal quilos, entravam rastejantes.
À noite, após o jantar, encontramo-nos como de costume na avenida marginal de Vila Praia de Âncora, onde moramos, e perguntei-lhe de chofre se era verdade que tinha uma tenda nova.
Mais admirado fiquei quando me contou, com toda a naturalidade, que alem da tenda tinha adquirido mais uma série de equipamentos e tinha até preços de outros equipamentos, que ainda não tinha adquirido porque não sabia bem se eram ou não, boa compra.
É claro que sendo eu um apaixonado pela nobre e salutar “arte” do campismo, tivemos conversa até nos despedirmos, lá para a meia-noite, e rumarmos cada um para a sua casa, que nem são assim tão distantes uma da outra, uns duzentos metros, nem mais.
Nos dias seguintes os planos do Zé Alfredo avançaram e eu ganhei um novo parceiro para as minhas constantes vadiagens de verão. Pelo menos tinha a esperança de ganhar, pois a única vez que ele tinha acampado, tinha sido na tropa, em Beja, salvo erro, e não lhe tinha deixado saudades. Pudera, acampar em Beja no verão…
A Cristina não estava particularmente entusiasmada, mas sempre era uma novidade e para mais contava com a companhia da minha mulher. A Carina é um pouco mais velha que a minha filha Joana, que tinha acabado de fazer treze anos e que é doutorada em campismo, pois desde muito nova que me acompanha, alem de nos últimos anos ter entrado para os escuteiros, o que dá uma enorme experiência nesta matéria. Um enorme background, como dizem as pessoas finas.
Combinada a data e o local, fui dando uns conselhos sobre os materiais e equipamentos a levar, uns fundamentais e indispensáveis, outros que embora não fossem essenciais eram úteis e aqueles que eram supérfluos e até desaconselháveis.
Decidimos sair numa sexta-feira à tarde em meados de Agosto. Lembro-me que o dia 15, que é feriado, calhava na terça-feira seguinte, dia escolhido para regressarmos. O local escolhido foi o parque de campismo de A Guarda, na Galiza, em pleno estuário do rio Minho, a pouco mais de dez quilómetros de nossas casas.
Devo dizer que o facto de ir de férias para um local a cinco quilómetros ou a quinhentos quilómetros de casa, é para mim totalmente indiferente. O que realmente me importa é estar bem naquele sítio e este parque é das coisas melhores que temos no noroeste peninsular. É calmo, espaçoso, muito agradável porque é totalmente arborizado e relvado; as infra-estruturas embora não sendo luxuosas são plenamente satisfatórias e tem uma piscina fantástica. O único senão, são os mosquitos ao anoitecer, nos dias de muito calor. Mas quando cai a noite, eles rumam a outras paragens e deixam de incomodar.
Nessa sexta feira o tempo estava óptimo, pirei-me do trabalho mais cedo um bocado e começamos a carregar o carro com a descontracção de quem já sabe do assunto. Primeiro a tenda, depois a geleira eléctrica, uma modernice que adquiri o ano passado e que dá imenso jeito, depois as mochilas, os sacos camas, o fogão, os tachos, etc..
Toca o telemóvel, era a Cristina a saber se já estávamos prontos, porque o Zé Alfredo bufava dentro do carro, à espera que eu desse ordem de arranque. Como era fácil para mim compreender o nervoso miudinho que o assaltava, disse-lhe que já podia vir até à minha casa, pois já tínhamos a carga quase pronta. Bem, quando vi o carro dele, um Ford Focus atulhado até ao tecto, no qual já quase não se via a mulher e a filha, não me contive e desatei à gargalhada. Havia de tudo, parecia um supermercado.
Mais um compasso de espera para a Paula, a minha mulher, acabar de fritar os panados que seriam o jantar dessa noite e arrancamos finalmente. Em Caminha, ainda paramos para comprar pão, eu lembrei-me de uns folhados que a pastelaria junto aos correios tem e são uma delícia, finalmente rumamos para o cais do ferry-boat.
Aqui começo eu a sentir-me de férias e a reagir em conformidade; nada me enerva, não há pressas e uma cerveja calha sempre bem. Começam a tirar-se as primeiras fotografias, as raparigas trocam os MP3, os telemóveis e não sei que mais, combinam estratégias próprias de miúdas adolescentes, como todos nós, quando tínhamos a idade delas.
A tenda do Zé Alfredo já tinha sido experimentada lá no terraço da casa dele, com a ajuda do Rui, o filho mais velho que terá agora dezanove ou vinte anos, estuda no Porto e tem o mesmo arcaboiço do pai.
Era um iglô baixinho, com um avançado ainda mais baixo, só permitia entradas e saídas de gatas. Até nem foi difícil de montá-la, ao contrário dos receios do seu proprietário.
Acho que o facto da montagem ter corrido bem, deu uma enorme ajuda na autoconfiança dos meus amigos.
Em breve podíamos apreciar o seu iglô equipado com um super colchão, enchido com uma bomba eléctrica que era o máximo. Vou comprar uma bomba desse género, este ano. À entrada estava um foco todo cheio de “nove horas” que ele tinha comprado a um marroquino e que nunca tinha sido usado. Achei muita piada porque a Cristina fez questão de estender os sacos camas com uma dobra muito artística como se tratassem de lençóis de linho bordados, em contraste com os nossos sacos camas atirados à balda para cima do colchão.
Depois do acampamento montado, foi a vez de dar trabalho aos dentes e aos queixos, fazendo desaparecer os panados da Paula, os rissóis, os bolos de bacalhau e não sei que mais da Cristina, os folhados que tinha comprado em Caminha e tudo o que mais viesse.
É um facto que nunca tive falta de apetite, mas no campismo como bastante mais e esta característica é partilhada com todos os que conheço destas andanças. Aquilo dá uma fome! E sede também!...
Uma das características dos meus acampamentos é um projector eléctrico de 500W que ligo todas as noites e que permite, cozinhar, comer, e conviver com uma luz decente, bem ao contrário de alguns tipos, que usam ainda candeeiros a gás ou lanternas a pilhas.
Já ultrapassei esse purismo há bastantes anos e é uma das razões porque deixei definitivamente de acampar fora dos parques. Fiz campismo selvagem durante muitos anos, mas agora acabou-se, já não tenho idade, nem vontade. Não há nada como tirar uma “bejeca” da geleira e saboreá-la, sentado confortavelmente numa cadeira de lona, a conversar ou a ouvir musica e a ler um livro, outra coisa que não dispenso.
Durante a primeira noite acordei várias vezes como é habitual e ouvia o ressonar do meu parceiro na tenda ao lado. "pelo menos não estranhou e não se pode queixar de não conseguir dormir" pensava eu, dando mais uma volta dentro do saco cama.
No dia seguinte, depois da habitual rotina do levantar, fomos às compras para as próximas refeições, sem nenhum de nós ter a menor ideia do que iríamos escolher.
Eu tenho sempre uma ideia, que são as saladas "à Brito" como diz a minha filha, pois levam de tudo um pouco e são temperadas de forma diferente. Não é publicidade, mas não esperem que vá aqui revelar o segredo.
Foi mais ou menos nessa hora, que tivemos a surpresa de ficarmos presos no trânsito na A Guarda, pois era o fim-de-semana das festas do Monte, em honra de Santa Tecla, em galego Santa Trega.
Estas festas são da mais pura raiz popular e enchem a pequena cidade de forasteiros galegos e portugueses. Basicamente não diferem muito das nossas festas e romarias, excepto no consumo de vinho tinto que é um exagero. Durante o dia, os grupos de bombos e gaitas de foles, dúzias de grupos, tocam pelas ruas em despiques animados. À noite duas orquestras animam uma verbena na praça, cujo nome desconheço, mas é onde realizam semanalmente a feira. Pelas ruas principais vedadas ao trânsito automóvel, até aos moradores, espalham-se esplanadas dos restaurantes e bares.
No domingo, é dia da subida ao monte, a acompanhar os grupos de bombos, toda a gente vestida de branco e com um lauto farnel nas cestas e mochilas. Aí é que não pode esquecer o vinho tinto, pois é ou foi transformado, de forma bizarra, no centro das atenções, porque depois de muito beberem, os festeiros regam-se uns aos outros com o precioso carrascão.
Estão a ver o efeito! Calças e camisa branca bem regadas de vinho tinto, a condizer com monumentais bebedeiras, que atiram os mais fracos para um sono retemperador, em qualquer valeta.
Foi a esta festa que nós viemos parar, onde nos divertimos imenso, sem tocar no vinho tinto, nem por dentro, nem por fora. Apesar do iminente risco que a alcoolização dos festeiros (e festeiras) acarreta, também é verdade que não vimos nenhum desacato, nem nada parecido. Nisso acho que os galegos tem melhor temperamento que os portugueses. Não confundem diversão com aborrecimentos.
Entretanto, a nossa vidinha decorria sem sobressaltos de maior dentro do parque, nomeadamente nas refeições, onde todos ajudam, seja a descascar batatas, a tomar conta de qualquer coisa ao lume, seja a lavar a louça.
O Zé Alfredo e a Cristina cada vez que era preciso algo, diziam de imediato "nós trouxemos, está no carro". Mais uma gargalhada irónica aqui do entendido, que se gabava e gaba, de só levar o indispensável. Um dos dias pela manhã, estava eu a fazer a barba, quando me cortei no queixo. Coisas que acontecem. Só que devo ter cortado algum capilar importante e o raio do sangue demorou bastante a estancar. Horas depois ao passar inadvertidamente a mão pelo queixo, vejo-me outra vez a sangrar com abundância.
Mais uma vez, o Zé Alfredo diz "tenho ali no carro um produto que te revolve isso duma vez" e de seguida vai desencantar uma pequena farmácia cheia de tralha (a minha tem adesivo, agua oxigenada e pouco mais) da qual tira um frasquinho, com conta gotas. Lá me aplicou uma gota no queixo e milagrosamente o sangue parou imediatamente de correr.
- É pá, onde arranjaste isso?
- Foi o Brito da farmácia que fez este preparado há mais de dez anos e nunca falha.
- Mas qual é a composição?
Ele explicou-me que era um permanganato qualquer, já não me lembro, um daqueles remédios à moda antiga, que só o meu homónimo farmacêutico ainda seria capaz de fabricar.
Não lhe disse nada no momento, mas dei a mão à palmatória; afinal, ele foi carregado de tralha, eu até gozei com isso, mas acabei por precisar de alguma dessa mesma tralha.

Um dos meus passatempos nos parques de campismo é ver os materiais que os outros apresentam. Comparar tendas, fogões ou acessórios é algo que faço com toda a naturalidade e ao qual o Zé Alfredo se associou de seguida. Às tantas diz-me ele:
- A minha tenda só dá para gente nova. É muito baixa para mim. Gostava de ter uma daquelas.
- Essa não é grande coisa. Aquela, acolá, é bem melhor, é uma Quechua.
Começamos a falar de marcas e de características de material de campismo, como tantos de nós falamos de automóveis ou de telemóveis. “Cavada Nova” para aqui, “Camping Gaz” para acolá, “Mckinley” para a frente, “Coleman” para trás. Depois de muita discussão e várias voltas ao parque, chegamos a um consenso; ambos gostamos de um determinado tipo de tenda e logo combinamos descobrir onde era o representante da tal marca, pois eu também pretendo comprar uma tenda maior. Quando um gajo avança na idade, avança também no comodismo.
A semana passada o Zé Alfredo apareceu lá em casa a convidar-me para ir no dia seguinte, um sábado a Porrino, na Galiza, ver as tais tendas. Tivemos uma desilusão, pois ainda não tem nada em exposição. Por informação do funcionário só lá para o final de Março é que põe à venda esse tipo de materiais. Uma estratégia comercial com a qual não estou, não estamos de acordo e por isso já combinamos ir à Maia, à Decathlon, daqui a uma ou duas semanas. Afinal, já não falta muito, para recomeçar a vadiagem!



terça-feira, 3 de junho de 2008